Entre praticidade e vulnerabilidade, o Brasil vive o paradoxo de liderar a revolução digital financeira e, ao mesmo tempo, enfrentar o crescimento das fraudes e ameaças cibernéticas
Por Renan Basso*
Nos últimos anos, o Brasil se consolidou como um dos ecossistemas financeiros mais digitalizados do mundo. A popularização do Pix, que já superou a marca de 180 milhões de usuários, segundo o Banco Central, e a ascensão das fintechs transformaram a forma como lidamos com o dinheiro. Abrir uma conta em minutos, transferir valores instantaneamente e contratar serviços sem sair do celular deixou de ser novidade e se tornou rotina.
Mas, toda revolução traz seus paradoxos. Se, por um lado, a digitalização ampliou a praticidade e a inclusão financeira, por outro, abriu portas para um problema crescente: fraudes e ataques cibernéticos. Dados do DataSenado mostram que 24% dos brasileiros já foram vítimas de fraudes digitais, com destaque para casos envolvendo o Pix e links de phishing. Nos últimos dois anos, diversos vazamentos massivos de dados expuseram milhões de informações sensíveis de brasileiros e reforçaram ainda mais a urgência de repensar os mecanismos de proteção.
Segundo pesquisa da ClearSale, embora 92% dos brasileiros priorizem segurança em relação à rapidez, 21% afirmam já terem sido vítimas de golpes em sistemas de pagamento instantâneo. O dado traduz o dilema: como equilibrar inovação e proteção?
Observamos que esse paradoxo não é exclusivo do Brasil, mas aqui ganha contornos mais dramáticos devido à velocidade com que novas tecnologias são lançadas. Nos Estados Unidos, por exemplo, o avanço das soluções digitais é mais gradual. Não existe um sistema de pagamentos instantâneos tão difundido quanto o Pix, e o mercado de fintechs é menos pulverizado. Isso reduz, por consequência, os pontos de vulnerabilidade explorados por criminosos digitais.
Recentemente, o cenário envolvendo o Pix se intensificou quando o governo americano anunciou a aplicação de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, motivadas não apenas por desavenças econômicas mais amplas, mas também pelo peso simbólico e competitivo do meio de pagamento que, dizem, prejudicar empresas como Visa e Mastercard. Entretanto, a resistência americana ao Pix, ainda que justificada, parece ecoar uma apreensão mais profunda: a perda de controle sobre os fluxos financeiros e a diminuição da influência dos gigantes de pagamento americanos.
A reflexão é pertinente: um sistema financeiro inovador, embora com mais riscos, como o que o Brasil proporciona ou o de maior segurança, no entanto analógico e, muitas vezes ultrapassado, que os Estados Unidos utilizam? Talvez o caminho esteja no meio termo. Inovar com consciência, adotar medidas de segurança invisíveis, como biometria, IA antifraude, monitoramento inteligente, e criar processos que aprendam e se ajustem em tempo real. Essa abordagem permite que, mesmo quando surgem falhas, elas sejam corrigidas com rapidez e eficiência, sem sacrificar a experiência do usuário.
Esse debate se torna ainda mais relevante diante do crescimento das fraudes. A sofisticação das técnicas criminosas exige que bancos e fintechs deixem de lado o dilema binário entre praticidade e segurança e adotem um modelo de “usabilidade protegida”, no qual a experiência do usuário não seja sacrificada, nem tampouco deixe brechas para ataques.
No fim das contas, o verdadeiro diferencial competitivo das instituições financeiras não será apenas oferecer rapidez, mas sim garantir que cada operação, por mais simples que seja, inspire confiança. Para além deste ou aquele sistema financeiro, o futuro do setor irá depender da capacidade de equilibrar fluidez e resiliência digital. O Brasil, com seu nível de inovação acima da média, está pronto para se destacar neste cenário.
* Renan Basso é co-fundador e diretor de negócios da MB Labs, uma renomada empresa especializada em consultoria e desenvolvimento de aplicativos e plataformas digitais. Com uma sólida carreira no setor de tecnologia. Com uma formação em engenharia da computação pela PUC Campinas e MBA na DeVry Educacional do Brasil, Basso é especialista em tecnologia, engenheiro de software e desenvolvimento de sistemas para grandes companhias. Especialista em construção de tecnologia para as indústrias financeiras e super apps. Com vasta experiência no setor de tecnologia e finanças, com objetivo de impulsionar a inovação e criar soluções para fintechs.
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