* Por Arthur Carvalho
As stablecoins vêm ganhando espaço nas discussões sobre o futuro do dinheiro. O mercado financeiro observa atentamente essas moedas digitais, reconhecendo seu potencial para modernizar os sistemas de pagamento ao redor do mundo. No Brasil, seu uso cresce em ritmo acelerado, segundo dados do Banco Central e da agência Reuters, elas já representam cerca de 70% das transações com criptoativos no país. Mas, afinal, o que são stablecoins e por que têm atraído tanta atenção?
As stablecoins são moedas digitais projetadas para manter um valor estável. Diferentemente de criptomoedas, como Bitcoin ou Ethereum, que podem apresentar fortes oscilações de preço em curtos períodos, uma stablecoin busca manter sempre o mesmo valor, geralmente pareado a uma moeda tradicional, como o dólar ou o euro. Essa estabilidade é garantida por reservas em moedas tradicionais ou ativos financeiros que respaldam cada unidade emitida, tornando-as mais seguras para quem deseja usar cripto no cotidiano sem se expor às oscilações extremas do mercado.
Além da estabilidade, as stablecoins permitem transações mais rápidas e com custos reduzidos. Entre os usos mais comuns estão o pagamentos do dia a dia, como compras de produtos online ou pagar serviços em qualquer lugar do mundo; proteção contra inflação, especialmente em países com moedas muito voláteis, oferecendo mais segurança para o valor do dinheiro; e remessas internacionais, tornando o envio de recursos para parentes ou fornecedores no exterior mais econômico do que pelos meios tradicionais, como bancos.
Qual o seu impacto no cenário financeiro global?
Mais do que uma inovação tecnológica, elas estão moldando a forma como pessoas e empresas se relacionam com o dinheiro em escala mundial. Vejamos alguns pontos que ilustram essa transformação:
Facilitação do comércio internacional: Ao reduzir custos e barreiras cambiais, essas moedas digitais estão revolucionando as transações entre empresas ao redor do mundo. Elas eliminam a espera por compensações bancárias ou de pagar taxas de câmbio elevadas, tornando o comércio exterior mais ágil e eficiente.
Inclusão financeira: Em áreas onde o acesso a bancos tradicionais é restrito, os ativos digitais oferecem uma alternativa prática e acessível para movimentar dinheiro. Basta um smartphone e uma conexão à internet para fazer pagamentos ou receber valores, estimulando a participação de milhões de pessoas no sistema financeiro.
Modernização do sistema financeiro: Bancos e instituições têm adotado stablecoins para acelerar processos, reduzir custos e aumentar a transparência em pagamentos. Dessa forma, são criadas novas oportunidades de negócio e maior dinamismo no mercado financeiro.
Com a popularização das stablecoins, espera-se uma maior inclusão financeira em países emergentes e um sistema de pagamentos mais ágil. Ao mesmo tempo, há questões a resolver, como a confiança nas reservas, essencial que as empresas emissoras provem ter os ativos correspondentes ao número de stablecoins emitidas; falta de supervisão, onde as regulamentações inconsistentes podem gerar incerteza, dificultando o uso massivo; e a concorrência com moedas oficiais (CBDCs), com vários governos planejando lançar suas próprias moedas digitais, fica a dúvida de como os ativos vão coexistir com essas iniciativas.
Apesar dos desafios, especialistas afirmam que o crescimento contínuo das stablecoins indica que elas podem desempenhar um papel cada vez mais importante nas transações globais. O fato é que essas moedas digitais representam um novo capítulo no sistema financeiro mundial, trazendo estabilidade, flexibilidade e uma infinidade de aplicações, tanto para pessoas que desejam fazer pagamentos internacionais quanto para empresas em busca de soluções eficientes e de baixo custo.
Com a regulação em andamento, a tendência é que elas ganhem ainda mais força, aproximando o universo das criptomoedas dos sistemas financeiros tradicionais.
*Arthur Carvalho é diretor e especialista em cryptos e ativos digitais do grupo Braza. Liderando a integração de tecnologias inovadoras ao setor financeiro e com ampla experiência em estratégia de produto, ele é apaixonado por impulsionar a adoção de blockchain e transformar o futuro das finanças em realidade.
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